quinta-feira, 26 de novembro de 2009

ECOCARDIOGRAFIA FETAL: QUANDO INDICAR E ÉPOCA DE REALIZAÇÃO

As cardiopatias congênitas são atualmente os defeitos congênitos mais comuns encontrados na infância, afetando aproximadamente 8/1000 nascidos vivos.

INDICAÇÃO DE ECOCARDIOGRAFIA FETAL

Fatores maternos:
1) História familiar de cardiopatia congênita.
2) Filho anterior com cardiopatia congênita.
3) Diabetes Melito.
4) Medicamentos: litio, anticonvulsivantes, vasoconstritores nasais e intiinflamatórios não hormonais.

Fatores Fetais:
1) Alteração cardíaca na ultrasonografia obstétrica de rotina.
2) Anomalia extracardíaca.
3) Cariótipo fetal alterado.
4) Translucência nucal aumentada(maior que 2,5 mm) com cariótipo normal.
5) Ducto venoso reverso com cariótipo normal.
6) Hidrópsia não imune.
7) Arritmias fetais.
8) Infecções fetais.
9) Cromossomopatias.
10) Gestação gemelar monozigótica.

PERÍODO DE REALIZAÇÃO DA ECOCARDIOGRAFIA

Ecocardiografia fetal precoce (antes da 20ª semana de gestação)
A ecocardiografia fetal precoce está indicada em casos de risco elevado para cardiopatias complexas, particularmente quando houver aumento da translucência nucal, geralmente maior que 3,5 mm associado ou não a ducto venoso reverso.

Ecocardiografia clássica (entre 24 e 28 semanas)
As gestantes consideradas de risco devem ser submetidas a ecocardiografia ao redor de 26 semanas de gestação.

CISTO DE PLEXO CORÓIDE

O plexo coróide tem origem na parede lateral do ventrículo cerebral por volta da 6ª semana de gestação. Durante seu desenvolvimento, ocorre uma transformação do neuroepitélio de revestimento de pseudo-estratificado para cuboidal colunar. Nesse processo de maturação, pode ocorrer a formação de área cística chamada de cisto de plexo coróide. A maioria de cisto de plexo coróide pode ser diagnosticada entre a 13ª e a 18ª semana de gestação, ocorrendo frequentemente regressão espontanea após a 28ª semana, quando diminui a proliferação e há redução do estroma.Quando não ocorre a involução espontânea, o CPC pode manter ou mesmo aumentar de tamanho durante a gravidez. A depender das dimensões, pode ocorrer o deslocamento dos tecidos adjacentes e obstruçõ do fluxo liquórico. No pós-natal, podem se desenvolver sintomas neurológicos focais e crises de epilepsia.
Atualmente com utilização de equipamentos de alta resolução, é possível diagnosticar CPC já no final do primeiro trimestre, na época da realização da translucência nucal, entre 12 e 14 semanas de gestação.
Para fins de acurácia diagnóstica, o tamanho do CPC deve ser de no mínimo 2,5 até 22 semanas e 2 mm após esse período.
A trissomia do 18 é uma condição letal que invariavelmente está associada á inumeras mal formações, detectáveis pela ultrasonografia, em 80 a 90% dos casos. A possibilidadade de CPC isolada deve ser o único achado da trissomia do 18 é praticamente impossível, fato que não justicaria a indicação de cariotipagem fetal em casos de CPC isolada.
As características do CPC, tais como tamanho, bilateralidade ou tempo de permanência, parecem não influenciar a possibilidade de aneuploidias.

CONDUTA
No período pré-natal, a presença de CPC isolada não indicaria avaliação cromossômica. Quando o CPC está associado a idade materna superior a 35 anos, ou a outros marcadores, seria aconselhavel o estudo do cariótipo fetal.
Um aspecto fundamental frente ao achado de CPC é a realização da ultrasonografia morfológica do feto , de modo a excluir as possíveis anomalias estruturais associadas.Tratando-se de CPC isolado, é importante tranquilizar o casal, enfatizando que a condição é uma variante da normalidade anatômica.
No período pós-natal, quando não há regressão ou existem sinais ou sintomas neurológicos decorrentes do tamanho do cisto, pode ser necessária intervenção cirúrgica , seja por fibroscopia ou por craniotomia.

ARTÉRIA UMBILICAL ÚNICA

O cordão umbilical, deriva da base do saco gestacional. Com a expansão da cavidade amniótica, ocorre epitelização e fusão do duto onfolamesentérico com a base do saco gestacional, formando o funículo na 7ª semana de gestação. Os vasos do cordão umbilical derivam dos vasos do alantóide.
Durante esse processo , frequentemente a veia umbilical direita acaba de estenosar. Dessa forma, habitualmente, o cordão umbilical apresenta duas artérias e uma veia, envoltos pela geléia de Wharton. Em alguns casos, pode ser observada apenas um artéria única.
A frequência de artéria umbilical única(AUU) na população geral está entre 0,80 E 1,90%.
O diagnóstico antenatal de AUU pode ser feito por ultra-sonografia, realizando cortes longitudinais e transversais do funículo. O plano transversal é o de maior facilidade para identificação da anomalia, ocasião em que é frequente observar-se que o diâmetro da artéria remanescente é maior que nos cordões com três vasos. Outra maneira de visibilizar a AUU é utilizando o Doppler colorido no plano transversal que passa pela bexiga fetal. Nesse nível nota-se o trajeto das artérias umbilicais margeando a imagem vesical. Nos casos de AUU , em 73% das vezes, é a artéria umbilical esquerda que está ausente.
A incidência de restrição de crescimento fetal ocorre em aproximadamente 15 a 20% dos fetos com achado isolado de AUU.
Quando a anomalia funicular estiver acompanhada de outros marcadores de aneuploidia ou mal formações estruturais, existe a possibilidadade de alterações cromossômicas, com maior frquência as trissomias do 13 e de 18.
A observação da AUU deve ser seguida da avaliação detalhada do concepto.
Caso sejam detectadas outras alterações, o estudo do cariotipo fetal deve ser considerado.
Avaliação anatômica e funcional do coração fetal será realizada apenas nos casos em que a relação sístole/diastole da artéria umbilical estiver acima do percentil da normalidade da idade gestacional.
A persistência da veia umbilical direita é um evento muito raro, porém indicativo de gravidade com alta incidência de anomalia.
A AUU pode estar correlacionada com alterações morfológicas do trato genito-urinário, SNC, coração, CIUR, óbito fetal e aneuploidias.

CONDUTA
A AUU esta relacionada á maior incidência de anomalias estruturais, particularmente urológicas e cardíacas, assim como maior incidência de crescimento intra-uterino restrito.
Torna-se fundamental a exclusão de anomalias associadas por meio de ultrasonografia morfológica e ecocardiografia fetal. Não havendo evidências de anomalias associadas, não haveria indicação de cariótipo fetal, restando a valiação do crescimento fetal e vitalidade fetal á partir de 26 semanas de gestação.